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12 de ago. de 2011
Agenda Cultural: "Sandman"
Os leitores desta magnífica Agenda já devem ter percebido que sou fanático por histórias em quadrinhos. Lembro-me de já ter comentado, quando recomendei “Daytripper”, sobre a evolução do gênero, a princípio voltado para o público infantil, e que está, desde os anos 80, tomando uma temática mais adulta e revelando seu potencial como obra de arte ao atrair excelentes escritores e desenhistas.
“Sandman”, de Neil Gaiman, é uma das obras-primas dos quadrinhos e, potencialmente, a de maior importância. Apesar do nome sugestivo, Sandman não é um super-herói. O protagonista é, na verdade, uma entidade responsável pelos sonhos de todos os seres do Universo, não exatamente um deus, uma vez que os deuses têm origem em seu domínio. A história começa quando Sandman é capturado e aprisionado por um mago, o que põe em movimento os eventos que se sucedem. Rapidamente é revelado que, apesar de ser o senhor dos sonhos, Sandman não é uma figura alegre e despreocupada, como o imaginaríamos, mas sóbrio, mal humorado, sombrio e vingativo. Ao longo da série também se vê que, apesar de ser infinitamente poderoso, não é infalível, sobretudo em seus relacionamentos pessoais, que, aliás, quase invariavelmente terminam mal.
A série é dividida em sete arcos e três coletâneas de histórias curtas. À exceção do primeiro, em que o autor ainda tentava se estabelecer, todos os arcos são brilhantes, acompanhando as mudanças pelas quais Sandman passa após ser aprisionado. As histórias curtas, no entanto, são absolutamente geniais. Em uma delas Shakespeare apresenta com sua trupe “Sonho de uma Noite de Verão” para uma audiência de fadas e o próprio Sandman, e mostra o relacionamento de Shakespeare com seu filho Hamnet – um presságio para outros eventos da série. Em outra, chamada “Ramadan”, que se passa em Bagdá, o sr. Gaiman imita o ritmo das histórias das “Mil e Uma Noites”, para não mencionar as ilustrações extraordinárias de P. Craig Russell.
A série consiste, no total, em 75 revistas, mas já reunidas em volumes e, mais recentemente, em uma edição de colecionador com capa dura, já traduzida para o português. Mais uma vez devo dizer que as histórias são excelentes, para não mencionar as ilustrações (colaboração de inúmeros desenhistas) e a conclusão: vale a pena seguir seus sonhos?
A lista dos volumes é a seguinte (sugiro que leiam todos - e nessa ordem):
Prelúdios & Noturnos
A Casa de Bonecas
Terra dos Sonhos
Estação das Brumas
Um Jogo de Você
Fábulas & Reflexões
Vidas Breves
Fim dos Mundos
Entes Queridos
Despertar
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